sexta-feira, 28 de maio de 2010

Para o meu Inesquecível amigo Pimpo.


Ele era um menino
Valente e caprino
Um pequeno infante
Sadio e grimpante.
Anos tinha dez
E asinhas nos pés
Com chumbo e bodoque
Era Plic e ploc.
O olhar verde-gaio
Parecia um raio
Para tangerina
Pião ou menina.
Seu corpo moreno
Vivia correndo
Pulava no escuro
Não importava que muro
E caía exato
Como cai um gato.
No diabolô
Que bom jogador
Bilboquê então
Era plim e plão.
Saltava de anjo
Melhor que marmanjo
E dava mergulho
Sem fazer barulho.
No fundo do mar
Sabia encontrar
Estrelas, ouriços
E até deixa-dissos.
Ás vezes nadava
Um mundo de água
E não era menino
Por nada mofino
Sendo que uma vez
Embolou com três.
Sua coleção
De achados do chão
Abundava em conchas
Botões, coisas tronchas
Seixos, caramujos
Marulhantes, cujos
Colocava ao ouvido
Com ar entendido
Rolhas, espoletas
E malacachetas
Cacos coloridos
E bolas de vidro
E dez pelo menos
camisa-de-vênus.
Em gude de bilha
Era maravilha
E em bola de meia
jogava de meia-
Direita ou de ponta
Passava da conta
De tanto driblar.
Amava era amar.
Amava sua ama
Nos jogos da cama
Amava as criadas
Varrendo as escadas
Amava as gúrias
Da rua, vadias
Amava as primas
Levadas e opimas
Amava suas tias
De peles macias
Amava as artistas
Das cine-revistas
Amava a mulher
A mais não poder.
Por isso fazia
Se grão de poesia
E achava bonita
A palavra escrita.
Por isso sofria.
Da melancolia
De sonhar o poeta
Que quem sabe um dia
Poderia ser.

(O poeta aprendiz gentilmente cedido a mim por Vinicius de Moraes para homenagear meu amigo querido Robson Freire - Montevidéu, 02 de novembro de 1958)

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Para meu doce amigo Flávio..

Ei os menino de sal,
o menino de sal que pesa no meu coração.
Olhai o fundo dos meus olhos,
por este prisma de lágrimas,
olhai, olhai, e avistareis
o menino de sal,
o outrora azul menino de doce rosto
em que desejei pregar
asas de Amor e de Anjo.

Eis o menino de sal,
que os bruxos arrebatam,
que os saltimbancos pousam num fio tênue,
que as feras cobiçam, de dentes á mostra,
num horizonte amargo.

Vede no fundo dos meus olhos
o menino de sal
que se vai fundir em oceanos desvairados.

Falo-vos de um menino que adivinhava o mundo,
que queria vencer a morte,
que acordava alta noite, com pesadelos sôfregos
de florestas, matilhas e espingardas.

Falo-vos de um menino límpido,
que amava a água e o jasmim,
que queria ressuscitar os mortos,
que pairava entre as primeiras palavras
incerto como a lua no lábio das nuvens.

Eis o menino de sal
que de muito longe me estende as mãos
sobre um tempestuoso deserto,
sobre uma noite sem margens...

Pensareis que falo de um menino morto...

Falo-vos de um menino de sal,
de um menino banhado em lágrimas,
de um menino sozinho num campo de duros combates,
de um menino de olhos abertos no inferno,
imóvel entre vampiros, sonâmbulos e loucos.

Falo-vos de um menino que ninguém poderá salvar,
se a luz do céu não descer por dentro dele
e não arder brilhante e firme como um divino arco-íris
e não for sua bússola e sua alma,
sua respiração, sua voz, sua vontade e seu ritmo.

Eis o menino de sal,
o outrora azul menino,
subitamente esquecido, desamado, flor cortada que ainda não sente
que arrancaram da terra e entretem sua vida
em provisória água falaz.

Eis você, Flávio.. o meu DOCE menino de sal.

( O menino de sal, poema que me foi gentilmente cedido por Cecília Meireles)


terça-feira, 18 de maio de 2010

Fragmentos de Memória..

"O poeta é um fingidor. Finge tão completamente que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente." (Fernando Pessoa)

A Teoria


A Teoria das Inteligências Múltiplas, de Howard Gardner (1985) é uma alternativa para o conceito de inteligência como uma capacidade inata, geral e única, que permite aos indivíduos uma performance, maior ou menor, em qualquer área de atuação. Sua insatisfação com a idéia de QI e com visões unitárias de inteligência, que focalizam sobretudo as habilidades importantes para o sucesso escolar, levou Gardner a redefinir inteligência à luz das origens biológicas da habilidade para resolver problemas. Através da avaliação das atuações de diferentes profissionais em diversas culturas, e do repertório de habilidades dos seres humanos na busca de soluções, culturalmente apropriadas, para os seus problemas, Gardner trabalhou no sentido inverso ao desenvolvimento, retroagindo para eventualmente chegar às inteligências que deram origem a tais realizações. Na sua pesquisa, Gardner estudou também:

( a) o desenvolvimento de diferentes habilidades em crianças normais e crianças superdotadas; (b) adultos com lesões cerebrais e como estes não perdem a intensidade de sua produção intelectual, mas sim uma ou algumas habilidades, sem que outras habilidades sejam sequer atingidas; (c ) populações ditas excepcionais, tais como idiot-savants e autistas, e como os primeiros podem dispor de apenas uma competência, sendo bastante incapazes nas demais funções cerebrais, enquanto as crianças autistas apresentam ausências nas suas habilidades intelectuais; (d) como se deu o desenvolvimento cognitivo através dos milênios.

Psicólogo construtivista muito influenciado por Piaget, Gardner distingue-se de seu colega de Genebra na medida em que Piaget acreditava que todos os aspectos da simbolização partem de uma mesma função semiótica, enquanto que ele acredita que processos psicológicos independentes são empregados quando o indivíduo lida com símbolos lingüisticos, numéricos gestuais ou outros. Segundo Gardner uma criança pode ter um desempenho precoce em uma área (o que Piaget chamaria de pensamento formal) e estar na média ou mesmo abaixo da média em outra (o equivalente, por exemplo, ao estágio sensório-motor). Gardner descreve o desenvolvimento cognitivo como uma capacidade cada vez maior de entender e expressar significado em vários sistemas simbólicos utilizados num contexto cultural, e sugere que não há uma ligação necessária entre a capacidade ou estágio de desenvolvimento em uma área de desempenho e capacidades ou estágios em outras áreas ou domínios (Malkus e col., 1988). Num plano de análise psicológico, afirma Gardner (1982), cada área ou domínio tem seu sistema simbólico próprio; num plano sociológico de estudo, cada domínio se caracteriza pelo desenvolvimento de competências valorizadas em culturas específicas.

Gardner sugere, ainda, que as habilidades humanas não são organizadas de forma horizontal; ele propõe que se pense nessas habilidades como organizadas verticalmente, e que, ao invés de haver uma faculdade mental geral, como a memória, talvez existam formas independentes de percepção, memória e aprendizado, em cada área ou domínio, com possíveis semelhanças entre as áreas, mas não necessariamente uma relação direta.

As Inteligências Múltiplas




Gardner identificou as inteligências lingúística, lógico-matemática, espacial, musical, cinestésica, interpessoal e intrapessoal. Postula que essas competências intelectuais são relativamente independentes, têm sua origem e limites genéticos próprios e substratos neuroanatômicos específicos e dispõem de processos cognitivos próprios. Segundo ele, os seres humanos dispõem de graus variados de cada uma das inteligências e maneiras diferentes com que elas se combinam e organizam e se utilizam dessas capacidades intelectuais para resolver problemas e criar produtos. Gardner ressalta que, embora estas inteligências sejam, até certo ponto, independentes uma das outras, elas raramente funcionam isoladamente. Embora algumas ocupações exemplifiquem uma inteligência, na maioria dos casos as ocupações ilustram bem a necessidade de uma combinação de inteligências. Por exemplo, um cirurgião necessita da acuidade da inteligência espacial combinada com a destreza da cinestésica.

Minha Inteligência é:

Inteligência interpessoal
- Esta inteligência pode ser descrita como uma habilidade pare entender e responder adequadamente a humores, temperamentos motivações e desejos de outras pessoas. Ela é melhor apreciada na observação de psicoterapeutas, professores, políticos e vendedores bem sucedidos. Na sua forma mais primitiva, a inteligência interpessoal se manifesta em crianças pequenas como a habilidade para distinguir pessoas, e na sua forma mais avançada, como a habilidade para perceber intenções e desejos de outras pessoas e para reagir apropriadamente a partir dessa percepção. Crianças especialmente dotadas demonstram muito cedo uma habilidade para liderar outras crianças, uma vez que são extremamente sensíveis às necessidades e sentimentos de outros.

domingo, 16 de maio de 2010



Daria tudo pra você voltar..


É difícil esquecer com tanta solidão em volta
Daria tudo pra voltar e te ver bater a porta.
No meu pensamento viajo No meu pensamento te amo
No meu pensamento te afago
Num longo beijo te declamo
Palavras lindas de amor
E meu olhar a te olhar No infinito do momento
Posso dizer que te amo.
É difícil respirar, se o meu ar era você
Daria o mundo pra te amar
Buscar no tempo o que eu perdi.
Por que você foi embora
Por que feri teu sentimento
Por que fui tão importante
Para ganhar teu sentimento.
Palavras lindas ao luar
E nos meus braços só você
Fazer amor na madrugada
E no meu mundo, sem você...
Daria tudo pra voltar.

(Ismael Soares)

Pequenos desabafos..


Antes de dormir eu fico escrevendo textos com os dedos, soluções para problemas, com os olhos eu desenho as pessoas, os olhares, os toques, tudo. monto todo um cenário, de toda uma vida, que nunca será minha.
Não sei se estou me sentindo bem ou mal, se estou feliz ou triste; nunca me senti tão frágil em toda minha vida, parece que estou numa terra de gigantes, duelo entre egos. Estou em transi, em uma sintonia diferente dos outros. Mais sozinha e carente do que nunca. Parace que dessa vez beber não vai adiantar de nada, agora é a hora de lutar contra os meus demônios. Desejo-me sorte.

E o que você tem?


Me perguntaram.
Coloquei-me a pensar
e cheguei a conclusão de que em toda minha vida eu sempre me preocupei em ser,
em ser para os outros,
pra você
e
umas poucas vezes pra mim...
Eu só sei me ser,
em ser me em todos os momentos.
Nunca tive nada na minha vida pra chamar de meu.
Eu só sei ser.
Eu só fui,
e de tanto ser ..
eu só tenho alma.
" (...) A mãe dele estava nesse instante enrolando os cabelos em frente ao espelho do banheiro, e lembrou-se do que uma cozinheira lhe contara do tempo de orfanato. Não tendo boneca com que brincar, e a maternidade já pulsando terrível no coração das órfãs, as meninas sabidas haviam escondido da freira a morte de uma das garotas. Guardaram o cadáver num armário até a freira sair, e brincaram com a menina morta, deram-lhe banhos e comidinhas, puseram-na de castigo somente para depois poder beijá-la, consolando-a. Disso a mãe se lembrou no banheiro, e abaixou mãos pensas, cheias de grampos. E considerou a cruel necessidade de amar. Considerou a malignidade de nosso desejo de ser feliz. Considerou a ferocidade com que queremos brincar. E o número de vezes em que mataremos por amor. Então olhou para o filho esperto como se olhasse para um perigoso estranho. E teve terror da própria alma que, mais que seu corpo, havia engendrado aquele ser apto à vida e à felicidade. (...) "

A Menor Mulher do Mundo - Clarice Lispector

Pequena Amostra..


Museu recebe exposição com gravuras de Rembrand


Esta é uma das últimas semanas para visitar a exposição Rembrandt e a arte da gravura no Museu de Arte do Espírito Santo Dionísio Del Santo (Maes), no Centro de Vitória. O artista holandês Rembrandt Harmenszoon van Rijn (1606-1669) está representado por 78 gravuras e uma placa de impressão do artista, no museu até 16 de maio.

O conjunto, que deixa provisoriamente o Museu Casa Rembrandt, em Amsterdã, apresenta um painel diversificado do que foi produção gráfica do artista. Inclui autoretratos; paisagens; retratos de anônimos e celebridades da época; alegorias; nus e cenas do cotidiano, como camponeses, saltimbancos, curandeiros, e até um homem urinando. O grupo mais numeroso é formado por cenas bíblicas e religiosas, tema favorito de Rembrandt.


sábado, 15 de maio de 2010



Ficava horas contemplando a beleza, era fabulosa, repetia a todo o momento pra si mesma. Era difícil de acreditar em tamanha beleza. Como pode algo ser tão lindo assim? Queria eu ser tão bela quanto, ser tão verdadeira quanto, ser tão delicada e simples quanto e despertar os sentimentos mais belos. E maldosos. Inveja. Inveja. Queria eu ser tão perfeita. E que não passo de mais uma.. tadinha de mim.
E assim ficou, contemplando a beleza do outro, a perfeição do outro. Tinha dias que sentia-se enjoada por tamanha delicadeza e perfeição que tentava apagá-la a todo custo. Pensava consigo mesma, porque não eu? Chegava a ter pena de si, e às vezes vergonha por desejar tanto ser igual ao outro. Passaram-se meses, e depois de tanto tempo sentindo pena de si mesma por ser igual ao outro, observou, que aquela coisa tão bela, linda e crua, não passava de um reflexo de si mesma, e então, percebeu o tamanho erro que cometeu, passou tanto tempo olhando pra fora de si, esquecendo-se do mais importante: olhar pra dentro de si.

Gostos..



Um bem querer..

"Eu quero alguém que tenha coragem. E saiba amar coisas simples e mulheres loucas. Quero alguém que acredite em realidade. Que esteja farto de sonhos perfeitos e Romeu e Julieta. Quero alguém que entenda o que é TPM. Que me faça rir. E que minta pouco. Quero alguém que goste de ler. Que me dê presentes fora de época. E que goste de Mozart.
Quero um amor que me compre biscoitos divertidos, cremes da Lancome e duas alianças. Que tenha uma casa. Com guarda-roupa. TV grande. Banheira de pé. Jardim com laguinho. Gato. Cachorro. E uma cama de casal. ENORME.
(se for cheiroso esqueça tudo)
P.S: e se for você, eu me contento com um banho de mangueira (no lugar da banheira) e creme de aveia Davene."

Quando deixamos de ser crianças..


A gente deixa de ser criança quando os preços do supermercado parecem monstros do armário; quando aquele casaco vermelho é feio porque a etiqueta mostra um número feio; quando a Barbie vira enfeite no armário; quando a gente perde o ar ao brincar de pega-pega. A gente deixa de ser criança quando nosso maior problema deixa de ser a vizinha que não emprestou a boneca; quando a gente acorda e não vê a hora de dormir de novo; quando a gente pega ônibus lotado e não vê nenhum conhecido cantando que o João roubou pão. A gente deixa de ser criança quando dá meia noite e a cama vira a coisa mais atraente do mundo; a gente deixa de ser criança quando sente falta da escola e do cafuné; a gente deixa de ser criança quando a criança física fica de lado, mas a interna ainda chora procurando um colo de mãe.

sexta-feira, 14 de maio de 2010


Encantamento. Medo. Excitação.

Sentimentos dignos somente de grandes estreias.

Está tudo ali. Disponível. Em branco.

A espera da palavra. Da promessa. Do grande ato inaugural.

(Escrever é um abismo.)

Por isso começo sempre na segunda página.

Que na verdade é a primeira. Mas funciona sem ser.

É como se o peso da responsabilidade desse uma volta

e me permitisse escrever sem medo de violentar o vazio.

Palavras me inventam.

(O que será que eu reservei pra mim?)